quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

DEU PANE NO VENTILADOR



2000 e 13. Áh que saudade de quando ainda havia a esperança de tudo se acabar em 2012.

Agora o que nos resta é vivermos o apocalipse da vez. Qual? O Plano Real completando 19 aninhos. Abaixo segue a razão.


Com o seu advento não ganhamos apenas um dinheiro novo, mas sim, um doloroso processo de recuperação econômica. Fazendo uma analogia, é como se tivéssemos feito um tratamento de quimioterapia junto com hemodiálise ... duro, muito duro.

A lógica de transformar CR$2.750,00 em R$1,00 se dá no fato de tirar da moeda, pelo menos simbolicamente, o nó Monetário que devastou, devasta e devastará a economia pelo mundo afora.

Resumindo a lorota Monetária – Como o dinheiro é feito? Mecânica Monetária Moderna.
Se dá assim. O governo emite títulos públicos e dão estes para o Banco Central imprimir o dinheiro físico (moeda e papel). Este título público é uma garantia do governo de que o mesmo irá devolver este dinheiro impresso com juros para o BC. Então para o governo pedir a impressão de R$1,00 ele se compromete a devolver, por exemplo, R$1,30. Mas se estes R$0,30 também são emitidos pelo Banco Central, onde o Governo vai arrumar este dinheiro? A garantia de mais dinheiro só existe se o PIB, ou seja, o Produto Interno Bruto (VALOR DA PRODUÇÃO), for maior do que o dinheiro devido. E mesmo com o PIB maior, a lógica desse sistema é um utópico mundo onde as empresas (e não as pessoas, pois quem produz neste modelo são as empresas) acumulam dinheiro até o infinito.

A desgraça não para aí. Estes R$1,00 acabam nos cofres de um banco. Este banco tem que manter parte desse dinheiro em sua reserva (taxa compulsória) e a outra parte ele usa para conceder crédito a ser devolvido com juros. Por exemplo - R$0,50 fica de reserva, não mexe, e os outros R$0,50 ele empresta para ser devolvido posteriormente acrescido de mais R$1,00 em juros - Vamos descascar esses juros:

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R$0,50 nem foram impressos pelo BC. Como o governo ficou devendo R$0,30, juntos, emprestador + governo (que é o povo) devem R$0,80 que não poderão ser pagos em dinheiro impresso porque este dinheiro não existe.

+

R$0,50 de um dinheiro que existe em reserva no banco, mas que não pode entrar em circulação e, se entrar, vai ser na base de mais juros.

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As transações e pagamentos de dívidas com dinheiro de faz de conta (FC$), ou seja, que não foi impresso, só são possíveis através de lançamentos contábeis e transações eletrônicas cujo o nome, bonitinho mas ordinário, é MOEDA ESCRITURAL. Por isso é que O DINHEIRO NÃO EXISTE PORRAAAAAAAAAAAA .... NÃO EXISTE. NÃO HÁ. ALÁ QUEVEDO ... É O QUE NON EXISTE.

Como nada é tão ruim que não possa piorar, quando FC$1,00 de juros for devolvido ao banco através de uma transação eletrônica, ele se tornará depósito do banco que deverá reservar FC$0,50 (taxa compulsória) para emprestar FC$0,50 a serem devolvidos com juros cuja moeda ... enfim, não precisa ser um gênio da matemática pra perceber que essa porra de conta não fecha.

O SISTEMA MONETÁRIO MODERNO É DÍVIDA ETERNA E CRESCENTE IMPOSSÍVEL DE SER PAGA.

O Brasil pede taxas compulsórias altas freando a procriação de dinheiro de faz de conta -  este é o motivo de “gorilarmos” com os punhos no peito dizendo que temos um sistema mais robusto - mas, por outro lado, nos comprometemos a pagar juros enormes. E como o BC negocia os Títulos Públicos, ou seja, repassa a sua promessa de recebimento com juros astronômicos para terceiros, os especuladores internacionais entram iguais corvos famintos comprando e elevando o valor da moeda para patamares ainda mais insustentáveis, além de enfiar na nossa economia FC$ estrangeiro. É uma Bolha Monetária. E é por isso que o peido de um elefante na Índia pode quebrar a moeda do Canadá. O Sistema Monetário Moderno é um nó cego internacional de dinheiro de mentirinha sustentado em dívidas que NUNCA poderão ser pagas pela humanidade.

O GOVERNO TUPINIQUIM NÃO CONSEGUIU O MILAGRE DE INVENTAR UMA SOLUÇÃO QUE TORNA A MECÂNICA MONETÁRIA MODERNA SUSTENTÁVEL. O economista que fizer isso vai ganhar o prêmio Nobel, um feriado mundial em sua homenagem e um Harém com virgens. E ainda assim a humanidade não terá sido grata o bastante.

O que os economistas vêm fazendo é tentar equilibrar esse abacaxi na ponta da pica. Vai gráfico, vem índice, e tudo é lorota. Já existe mais de um experimento científico comparando o sucesso das decisões de economistas com a de animais cujo o resultado, pasmem, é a de que os animais acertam na mesma proporção. A última que li era o de um gato: Colocaram dois pratinhos com leite (não lembro o que era) pro “bechano”. Um para ele dizer sim e o outro para dizer não. Aí perguntaram para ele se era ou não para comprar uma série de ações da bolsa e observaram pra que prato ele ia para cada ação. Ao mesmo tempo, perguntaram para economistas se deveriam comprar ou não as mesmas ações. Alguns meses depois, ao analisar a valorização e desvalorização desses papeis, descobriram que o gato e os economistas tiveram o mesmo sucesso financeiro (R$$$$), aliás, neste experimento o gato ganhou por uma ação que os Economistas não escolheram e que surpreendentemente valorizou bastante. Meau.

Custa-nos aceitar a temível face da aleatoriedade. Adoramos um Status Quo. Mas o que a economia, governos e o raio que os parta andam fazendo de concreto é MERDA NENHUMA. Estamos na estabilidade do caos. Estamos tão seguros quanto um cego sozinho na beira de um abismo. E se fosse mentira não haveria tantas crises atrás de crises. Eu nasci e cresci ouvindo falar em crise, vivo em crise, e acho que estou tendo uma de nervos agora.

Quando o Real foi criado a ideia era a seguinte. Para cada CR$2.750,00 Cruzeiros Reais recolhidos em moeda de verdade, o BC emitiria R$1,00 de verdade. Resumindo, ele pegou um monte de moedas desvalorizadas e sem poder de compras e emitiu novas moeda REAIS. Prestem atenção no nome da nossa moeda. REAL. Subentendesse que esse dinheiro, ainda que feito pela Mecânica Monetária Moderna é REAL, de VERDADE, e não meros lançamentos contábeis.

Outro aspecto da medida foi colocar a seguinte conta para o Governo. Gastar menos do que ele arrecada. Todavia, quando uma empresa arrecada mais do que gasta ela tem lucro, e um Governo não deve se preocupar em ter lucro, por isso deram um nome bonitinho, Superavit, e criaram a lei de Responsabilidade Fiscal que obriga os políticos a manterem essa equação nas contas públicas.

Essas três medidas são obvias e certeiras. Mas o fato é que o Real não é REAL e, assim como outras moedas pelo mundo, ele também é criado pela Mecânica Monetária Moderna. Embora o ciclo de criação de dinheiro de faz de conta brasileiro seja mais lento, ele existe, forçando o país a se preocupar com algo chamado CRESCIMENTO. Aumento e PIB. Áhhh sim o tamanho do PIB é documento.


Aí é que a porca torce o rabo.


Para CRESCER é preciso colocar algumas coisas na agenda. São 03, apenas 03, e em todas falhamos.
1 – Educação, pois você só produz bem com bons funcionários. Em um país capitalista, a realidade que os educadores brasileiros renegam até a morte (do Brasil) é que todo mundo é mão-de-obra doa a quem doer (e dói). Nem preciso ir mais longe, pois todos nós sabemos a bosta que é a nossa educação.
2 – Infraestrutura, já que a produção precisa de energia para ser produzida, estrada, ferrovias, portos e aeroportos para ser escoada etc.
3 – Estabilidade econômica e legal, pois quem produz precisa saber se o seu produto não vai aumentar de custo ou até mesmo ser proibido por intempestividades governamentais do dia pra noite.


Em todos os aspectos empacamos. No que andamos, fizemos impondo custos. Por exemplo - estradas terceirizadas (pedágios) mais o custo do IPVA e mais ICMS e +R$+R$+R$+R$+R$ a perder de vista - O cidadão só reclama, mas o empresário pode decidir levar a fábrica para o Uruguai por exemplo.





Na educação “nem se fala”. Nem vou comentar porque é um post/livro a parte.





Na estabilidade erramos com um conjunto de leis confusas em diversos setores. A estrutura tributária mesmo é uma bomba relógio.




O que podemos concluir então é que, o Plano Real faliu. O que está acontecendo agora é que a confiança do produtor se foi, o saco estourou e, pouco a pouco (ou não tão devagar), vamos perder produção e ver a galinha despencar do seu quase voo outra vez. Perdemos pelo menos outras 03 décadas.



Em 1979 Chico Buarque fez uma canção chamada Bye Bye Brasil que, a sua maneira, ressaltava a euforia da ascensão Brasil e, ao mesmo tempo, deixava nas entrelinhas o prenúncio dos tempos ruins da década de 80. Há 34 anos atrás vivemos o mesmo momento “nunca antes na história desse país” de dias atrás e, infelizmente, teremos que ver o sol se pôr. De novo.

Todavia, diferente daquela época, exceto pelo voo da galinha da economia, não temos nenhum alvorecer como as Diretas Já dos anos 80.



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